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sábado, 4 de fevereiro de 2017

O adufe e o pandeiro


O adufe é um instrumento oriundo da região da Beira Baixa. É tradicionalmente feito e tocado pelas mulheres: as adufeiras. É um instrumento quadrangular que é feito a partir da pele dos animais da região. O facto de serem zonas ricas em pastorícia justifica de algum modo a grande explosão de adufes saídos das mãos habilidosas das mulheres da Beira Interior. Antigamente era vulgar as pessoas juntarem-se em casa umas das outras ou no largo do pelourinho daquele lugar e tocarem adufe ao despique. Os homens jogavam o "truque” (um jogo de cartas) e as mulheres cantavam, dançavam e tocavam. O adufe também esteve desde sempre ligado aos acontecimentos religiosos e às romarias, mesmo na Quaresma quando os divertimentos eram “proibidos". O adufe era o instrumento que acompanhava as melodias tris­tes, próprias da quadra.


  Em Trás-os-Montes e no Alentejo o adufe é mais conhecido por pandeiro. Na província transmontana a sua decoração é mais sóbria. Já no Alentejo, os pandeiros são enfeitados com cores mais garridas. Em Trás-os-Montes eram igualmente tocados pelas mulheres por ocasião dos “jogos de roda" e das “danças em paralelo”. Eram antigas formas de convívio que ainda acontecem uma vez por outra e que antigamente eram bastante frequentes por ocasião do fim das fainas agrícolas. Para terminar a apanha da azeitona, a apanha da amêndoa e as colheitas do trigo, reuniam-se as pessoas e os instrumentos e faziam-se grandes paródias.   Há cerca de cinquenta anos atrás, quando ainda se fazia a monda, as raparigas levavam consigo o pandeiro para irem tocando pelo caminho e os rapazes transportavam o realejo, a gaita-de-beiços e a pandeireta, que também não faltava, quando apela a animação. Cantavam, tocavam e até dançavam enquanto iam e vinham da faina. Dizem os mais antigos da região de Bragança que, eram tempos muito mais animados, em que as pessoas eram alegres. Agora, dizem que as novas tecnologias são fatores de dispersão para os mais novos, que deixariam de ligar às riquezas da tradição.





Bem hajam 
Carlos Fernandes

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