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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Cambas uma aldeia no Pinhal

O repovoamento destas aldeias, durante a reconquista desta parte do território português pelos primeiros reis de Portugal, deve ter sido uma necessidade imediata, sentida desde logo, muito em parte devido à posição estratégica de algumas destas aldeias, situadas junto ao rio, que, durante essa reconquista constituíram uma importante fronteira natural.
Importante ao longo de muitos séculos na vida destas aldeias foi a Igreja, que foi senhora de todas as terras destes sítios, sendo ainda proprietária da barca que fazia a travessia do Zêzere, recebendo por isso parte dos impostos na região.
Cambas foi sede de um pequeno priorado do Padroado Real, sendo o prior nomeado directamente pela casa real. O prior, além de todos os bens que possuía e da parte dos impostos que lhe cabiam, recebia ainda anualmente, uma renda do rei, sendo esta igreja, por isso, uma das mais ricas de toda a região. O priorado de S. João Baptista de Cambas pertenceu ainda durante alguns anos à diocese da Guarda, sendo nessa altura a mais rica de todas as suas igrejas.
O prior da Igreja de S. João Baptista de Cambas, assim se chamou durante muitos anos, tinha rebanhos de cabras e ovelhas, soutos de castanheiros, muitas oliveiras, terras e, inclusive dois ou três cavalos para se deslocar. Foi a Igreja que mandou abrir levadas, que a partir das ribeiras irrigavam as várzeas junto ao rio. Estas levadas ainda hoje se mantêm.
Do antigo priorado de S. João Baptista de Cambas faziam parte, além das terras que constituem ainda hoje a freguesia de Cambas, as freguesias de Vilar Barroco, que foi desanexada de Cambas no século XVIII, e algumas das aldeias que hoje fazem parte da freguesia do Estreito, como são o caso do Roqueiro, Retaxo, Vale do Orvalho e Torre, tal como a freguesia de Orvalho, que no século XV foi igualmente desanexada e se tornou uma vigaria dependente da Igreja e do Cura de Janeiro de Baixo.
Em finais do século XVIII, mais propriamente em Janeiro de 1792, através de uma bula do Papa Pio VI, "Quoniam Ecclesiasticum", bula esta confirmada por Beneplócito Régio de Janeiro de 1794, as aldeias de Roqueiro, Retaxo, vale da Torre e Vale de Orvalho, mais próximas do Estreito do que de Cambas, passam a pertencer religiosamente a paróquia do Estreito, que havia sido criada no século XVI, continuando, no entanto no civil a pertencer a Cambas e ao concelho do Fundão.
A questão dos limites da paróquia e freguesia de Cambas ficou definitivamente resolvida, mantendo essa configuração até hoje, com o decreto de 29 de Novembro de 1836, que pela primeira vez incorporou a freguesia no concelho de Oleiros, determinando-se nesse decreto que os locais que religiosamente pertenciam para o Estreito, também o passassem a ser civilmente.
A freguesia que pertenceu ao Termo da Covilhã, aparece no concelho do Fundão logo que este é criado, tal como Vilar Barroco e Orvalho, também hoje do concelho de Oleiros; pelo Decreto de 29 de Novembro de 1836, a freguesia de Cambas é incorporada, pela primeira vez, no concelho de Oleiros, tal como o são igualmente as freguesias de Orvalho e Vilar Barroco.
Em 1839 a freguesia de Cambas aparece novamente no concelho do Fundão, tal como as freguesias de Orvalho e Vilar Barroco. Na década de quarenta do século dezanove, aparece, novamente, no concelho de Oleiros, tal como as freguesias vizinhas de Orvalho e Vilar Barroco.
Com a extinção do concelho de Oleiros, que se deu a 14 de Janeiro de 1868, a freguesia de Cambas é incorporada no concelho de Pampilhosa da Serra. Orvalho e Vilar Barroco regressam ao concelho do Fundão. Quase dois anos depois, mais propriamente a 28 de Dezembro de 1869, o concelho de Oleiros é restaurado com todos os lugares que antes lhe pertenciam, deixando Cambas, em consequência disso, o concelho de Pampilhosa, assim como Orvalho e Vilar Barroco deixam o concelho do Fundão.
Finalmente a 7 de Setembro de 1895, a freguesia de Cambas é dissolvida, passando Pisoria, Rouco de Cima e Rouco de Baixo, aldeias da margem esquerda do rio, para a freguesia de Amieira, continuando por isso a pertencer ao concelho de Oleiros; as aldeias da margem direita do rio, que constituem a maior parte da freguesia e onde se encontra localizada a sede, passaram a pertencer à freguesia de Janeiro de Baixo e consequentemente, incorporadas no concelho de Pampilhosa da Serra. No ano seguinte, mais propriamente a 21 de Maio de 1896 a freguesia é restaurada com todos os lugares que antes lhe pertenciam, e em consequência disso passou a pertencer, até hoje, ao concelho de Oleiros.
Bem hajam

Carlos Fernandes

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